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A pinguela para o futuro de Temer

O presidente Michel Temer reconheceu ontem diante de líderes aliados não ter força no Congresso para aprovar uma reforma mínima da Previdência. Tentou dividir a conta com os parlamentares. “A reforma não é minha, não é pessoal, é do governo compartilhado”, disse em reunião no Planalto.

O presidente Michel Temer durante reunião com líderes da base aliada, no Palácio do Planalto (Foto: Alan Santos/PR)

Temer conhece melhor que ninguém as regras da política. Pode tentar empurrar o fracasso a quem quiser, mas sabe que a responsabilidade é dele mesmo. Um fracasso que começou naquela noite de 7 de março, em que aceitou receber o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu.
A estratégia para equilibrar as contas do governo era desde o início arriscada. Temer usou a força política derivada do impeachment para aprovar a emenda constitucional do teto de gastos. O mercado aplaudiu. Para cumprir o teto, porém, era preciso cortar. E, para cortar, reformar a Previdência era essencial.
Quanto mais a reforma demorasse, Temer sabia, mais seu capital político se esvairia. Isso seria verdade mesmo sem a conversa com Joesley, sem a delação da JBS e sem as denúncias da Procuradoria-Geral da República. Seria verdade tão-somente pela lei da gravidade política que atinge todo governante em final de mandato.
Havia, portanto, uma janela de tempo a aproveitar até o governo ser incapaz de tirar os pés do chão. Pelo simples arrastar dos meses, as denúncias se encarregaram de cerrá-la. A popularidade a Temer foi tragada pelos fatos para o subsolo. O que lhe restava de capital político foi consumido para livrá-lo das denúncias.
A força lendária de Temer na Câmara viu-se reduzida a menos da metade dos votos na votação da última. A base aliada esfarelou. Mesmo a parcela do PSDB que fez um pacto com Temer para livrar Aécio Neves não tem mais por que ficar no governo. Para todos os efeitos práticos, o partido já desembarcou. Os ministros que lá permancem tratam apenas dos cuidados paliativos de um acordo político nos estertores.
Os parlamentares apresentaram ontem quase 240 emendas à Medida Provisória que congela os reajustes e aumenta a contribuição previdenciária do funcionalismo público no ano que vem (beneficiando algo como 17 categorias). Não há como convencer da urgência de equilíbrio nas contas públicas um Congresso cioso de não desagradar grupos políticos na antevéspera da campanha eleitoral. A cada dia o país fica mais dependente do aumento da arrecadação.
A menos de um ano da eleição, cresce o risco de que, incompleta, a pinguela para o futuro de Temer desabe. Não por falta de clareza no programa – seria difícil reunir uma equipe econômica mais competente. Nem por falta de capacidade de articulação política – Temer é, segundo uma avaliação recente, o presidente que obteve o menor custo na negociação com o Congresso.
A razão verdadeira é outra. Temer assumiu o poder com agenda dupla. Para público e mercado, o objetivo explícito eram as reformas. Para seu grupo político, o implícito era salvá-los das garras da Operação Lava Jato, manter o foro privilegiado e dar apoio velado a toda sorte de medidas que contivessem as investigações.
No primeiro objetivo, o próprio Temer acaba de reconhecer a derrota. Seu capital político desgastado é insuficiente para vencer as forças que lutam contra as reformas. Como resultado, o Brasil se encaminha para as eleições de 2018 mais uma vez embalado no pensamento mágico que alimenta o populismo econômico.
Depois da demagogia contra a reforma trabalhista, do negacionismo do déficit previdenciário e da propaganda capaz de ver a revogação da Lei Áurea numa norma que afeta pouco mais de 2.000 pessoas, quem terá agora coragem de defender a sanidade financeira, diante de uma população temerosa de que lhe retirem os “direitos”?
Claro que a prioridade de Temer, os fatos se encarregaram de mostrar, sempre foi o segundo objetivo. Mas mesmo aí seu sucesso foi relativo. Embora tenha livrado por ora os ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco e a si próprio, estão presos Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além do doleiro Lúcio Funaro. Cada um dos outrora aliados diz que, hoje, quem mente é o outro. Eis, até o momento, o saldo da pinguela de Temer para o futuro.
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